Dia do Braille: Governo do Tocantins promove formação para professores que atendem estudantes cegos e com deficiência visual

Tocantins

08.04.2025

Permitir que pessoas cegas e com deficiência visual possam explorar o mundo com as pontas dos dedos é o objetivo do Braille, o sistema de leitura e escrita tátil em relevo, que neste ano completa 200 anos de existência. O Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), celebra o Dia Nacional do Braille, 8 de abril, com a oferta de formação para professores das escolas estaduais que atuam no Atendimento Educacional Especializado (AEE) em todo o território tocantinense. 

O Curso Alfabetização para crianças com Deficiência Visual está sendo ofertado em parceria com o Instituto Benjamin Constant (IBC) do Rio de Janeiro, instituição precursora do ensino de cegos no Brasil. A formação presencial está sendo realizada em Palmas, até o dia 11 de abril, no Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE) Márcia Dias. 

Com momentos expositivos e oficinas práticas, a capacitação beneficia professores das escolas pertencentes às Superintendências Regionais de Educação (SREs) de Araguaína, Araguatins, Colinas, Dianópolis, Gurupi, Paraíso, Palmas e Porto Nacional, além de professores do AEE das escolas municipais de Palmas e técnicos da Seduc. 

Fabiana Rangel, professora e pesquisadora do IBC, que está ministrando o curso aos educadores do Tocantins, destaca que a formação dos profissionais é o ponto chave para a disseminação dessa tecnologia assistiva. 

“Buscamos alcançar a sala de aula, instrumentalizando os professores para que eles consigam atuar com segurança nesse processo de aquisição da leitura e da escrita em Braille. Precisamos desconstruir essa ideia da alfabetização tardia das crianças cegas, com visão monocular ou baixa visão. Com os recursos necessários e os professores com os métodos adequados, alcançaremos a equidade no processo de alfabetização tal como de uma criança vidente”, esclareceu Fabiana Rangel.

Uma das cursistas é a professora Clarice Borges, professora do Centro de Ensino Médio Castelo Branco, de Colinas. “Viemos para a formação em busca dos subsídios teóricos e práticos, para melhorar a nossa atuação na escola. Ter o domínio do Braille é extremamente importante porque estaremos aptos a receber os estudantes cegos e auxiliá-los a utilizar o sistema”. 

Equidade e inclusão 

Conforme a diretora de Educação Inclusiva da Seduc, Nádia Flausino, a formação integra as ações do Programa de Fortalecimento da Educação (PROFE Inclusão), que visa assegurar, além da capacitação continuada de profissionais, a distribuição de material pedagógico e espaços escolares adaptados. 

“Estamos formando estes professores, que serão multiplicadores em suas regionais, nessa compreensão de como podemos atuar nas nossas escolas para que o desenvolvimento da aprendizagem aconteça, utilizando, dentre outras ferramentas, esse sistema de escrita e leitura tátil como instrumento essencial para a autonomia das pessoas cegas ou com deficiência visual nos processos educacionais e sociais”. 

As Salas de Recursos Multifuncionais são espaços pedagógicos preparados para a garantia da oferta do atendimento educacional especializado, oferecendo a inclusão na classe comum do ensino regular, para estudantes com deficiências, transtorno do espectro autista e altas habilidades/superdotação. Com mobiliário adaptado para assegurar acessibilidade e conforto aos estudantes, as Salas de Recursos Multifuncionais oferecem diversos recursos e ferramentas que auxiliam o aprendizado dos alunos como jogos pedagógicos, materiais acessíveis e uso de diversos recursos, serviços e metodologias de tecnologia assistiva, como softwares de leitura de tela, teclados adaptados, e o próprio Sistema Braille, que possibilita ao estudante cego ou com deficiência visual a possibilidade da leitura e escrita.

Humberto Gabriel Sousa Nunes, estudante da Escola Estadual Cívico-Militar Maria dos Reis Alves Barros, de Palmas, está entre os educandos que descobriram no Braille uma nova motivação para explorar o mundo. “Eu gosto muito de ler e escrever em Braille. Depois que aprendi o Braille, passei a sonhar. Quero ser um advogado quando eu crescer”, revelou. 

Por meio do PROFE Inclusão, o Governo do Tocantins reafirma o compromisso com uma educação equitativa, democrática e inclusiva, como ressalta a gerente de Atendimento Educacional Especializado da Seduc, Ana Paula Viana Oliveira. 

“Buscamos fortalecer a comunicação, a escolarização e a autonomia dos estudantes, por meio da formação para os professores sobre o Braille, mas também do Sorobam [sistema de cálculos matemáticos], dentre outras tecnologias e métodos que possibilitem o desenvolvimento dos nossos estudantes cegos, com baixa visão ou visão monocular”, enfatiza.

Bicentenário

O dia 8 de abril homenageia José Álvares de Azevedo, o primeiro professor cego do Brasil, nascido em 8 de abril, e que trouxe o método da França. Em 2025 a data também marca os 200 anos do método de leitura e escrita criado por Louis Braille, que transformou a vida dos cegos desde então.

Revisão Textual: Liliane Oliveira/Governo do Tocantins

Núbia Daiana Mota/Governo do Tocantins