Erefem Gilberto Freyre leva esgrima para estudantes e amplia acesso ao esporte

Pernambuco

11.04.2025

A Escola de Referência em Ensino Fundamental e Médio (Erefem) Gilberto Freyre, localizada no bairro Vasco da Gama, no Recife, está inovando ao levar a prática da esgrima para dentro do ambiente escolar. O projeto, idealizado pelo professor de Educação Física Daniel Menezes, tem como objetivo democratizar o acesso a um esporte historicamente pouco acessível, além de promover valores como disciplina, inteligência emocional e hábitos saudáveis entre os estudantes.

A iniciativa começou a ser planejada ainda em 2024, quando a Gerência Regional de Educação (GRE) Recife Norte propôs aos professores de Educação Física da regional realizar treinamentos de modalidades esportivas dentro das escolas. A partir dessa proposta, Daniel, com intuito de trazer categorias pouco convencionais, teve a ideia de iniciar um projeto oferecendo a prática da esgrima aos estudantes da unidade de ensino.

“Gosto de poder oportunizar aos meus alunos diversas vivências práticas relacionadas à educação física. A esgrima, por exemplo, é prevista no currículo de Pernambuco como unidade temática de lutas dentro da Educação Física e é um esporte pouco acessível. A  intenção de criar esse projeto foi realmente democratizar e dar acesso aos nossos estudantes a esta modalidade”, frisou Daniel.

O professor levou a ideia para Lucineide Valeria Ribeiro, gestora da Erefem Gilberto Freyre, que abraçou a proposta desde o início. “Quando o professor Daniel trouxe essa sugestão, achei muito diferente, porque geralmente os projetos envolvem esportes mais populares, como o futebol. Mas ele queria algo novo, criativo, que realmente fizesse a diferença. E eu acredito que devemos proporcionar essas oportunidades, independente do contexto da escola. No começo, a esgrima parecia algo distante para mim e ainda mais para os estudantes, mas por que não apresentar essa modalidade para eles? Apoiei totalmente a iniciativa e disse a ele que teria carta branca para levar adiante”, destacou a gestora.

Com o aval da gestora, Daniel tirou o projeto do papel e o colocou em prática já no início ano letivo de 2025. Uma das dificuldades encontradas para realizar o projeto foi os materiais usados na modalidade pelo alto valor necessário para comprá-los. Entretanto, a determinação em colocar o projeto em prática fez com que o professor procurasse a Confederação Brasileira de Esgrima que prontamente disponibilizou materiais como: espadas, vestimenta de esgrima, luvas e máscaras

“Tive a oportunidade de atuar na Federação Pernambucana e na Confederação Brasileira de Badminton, o que me permitiu criar laços e amizades com federações e confederações de outras modalidades. Esse network facilitou com que a gente solicitasse esse material para a Confederação Brasileira de Esgrima que prontamente nos forneceu os equipamentos necessários para dar seguimento ao projeto e podermos desenvolver os meninos na modalidade”, disse Daniel.

Ao tomar conhecimento do novo projeto de esgrima na escola, o estudante Lincoln Nascimento, do 2º ano do ensino médio, viu a oportunidade de entrar em uma modalidade esportiva que ele acompanhava apenas pela televisão. Curioso pela novidade e motivado para praticar uma nova modalidade, ele não hesitou em se inscrever no projeto e logo se destacou pelo interesse e dedicação.

“Minha primeira impressão foi que seria uma nova oportunidade para mim. É uma modalidade que já acompanhei em Olimpíadas e Jogos Pan-americanos e sabia que seria algo que vai me agregar bastante. A esgrima não é comum de ter em escolas públicas e, assim que eu tive essa oportunidade, agarrei. Poder praticar esse esporte aqui na unidade é algo único. Sei que outras pessoas gostariam de ter essa oportunidade. Então, tenho aproveitado bastante e têm sido muito proveitoso para mim e para os meus colegas do projeto”, disse Lincoln.

Lincoln também ressaltou todos os benefícios que tem encontrado na modalidade depois que começou a praticá-la. “Eu já tinha acompanhado algumas competições, mas quando comecei a praticar passei a pesquisar mais sobre e vi que esse esporte ajuda bastante as pessoas. A esgrima melhora a coordenação motora, o emocional, a concentração, o controle da respiração e enfrentamento de desafios. Tudo isso faz com que a gente se torne uma pessoa, profissional e, no meu caso, um estudante melhor”, completou.

Amante das modalidades esportivas de combate, a estudante Maria Vitória Silva, também do 2º ano do ensino médio,  viu na esgrima uma nova oportunidade de se reconectar com o universo das lutas, que sempre fizeram parte da sua trajetória. Com experiências anteriores em combates, ela se encantou pela proposta do projeto e abraçou o desafio com entusiasmo.

“Eu sempre gostei de esportes de luta. Já pratiquei jiu-jitsu, karatê, taekwondo e judô, mas a esgrima foi uma surpresa que me despertou de novo aquela vontade de competir. Quando o professor falou que ia ter, eu me interessei na hora. É um esporte muito técnico e bonito. A gente, desde o início do projeto, foi pesquisando mais sobre a modalidade para entender melhor. Achei muito legal a escola trazer uma coisa nova assim. Tomara que outras unidade de ensino também tenham essa chance.”

Atualmente, o projeto conta com a participação de 20 estudantes da unidade e os treinamentos são realizados nas quintas e sextas-feiras no contraturno escolar. A novidade também abriu portas para a participação da escola nos Jogos Escolares de Pernambuco (JEPs), que, em 2025, terá a esgrima em suas modalidades individuais da competição. A aceitação do esporte tem sido tão grande que a escola também pretende realizar uma seletiva interna e incluir a esgrima, pela primeira vez, nos Jogos Internos da instituição no segundo semestre.