Seduc homenageia as três décadas do Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena em Mato Grosso

Mato Grosso

29.07.2025

Claryssa Amorim/Rayane Alves | Seduc

A Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT) realizou, nesta terça-feira (29), uma cerimônia em homenagem aos 30 anos do Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena (CEEI-MT), no Hits Pantanal Hotel, em Várzea Grande. 

Criado em 1995, o Conselho foi o primeiro do Brasil e se consolidou como referência nacional na defesa de uma educação diferenciada, que respeita as línguas, culturas e tradições dos povos indígenas, em consonância com a Constituição Federal de 1988 e a Convenção 169 da OIT - Povos Indígenas e Tribais.

Durante o evento, foram lembradas três décadas de avanços, como os projetos Tucum, Urucum, Xamã, Hayô e o Magistério Intercultural, além da implantação do 3º Grau Indígena, considerada a política pública de formação de professores indígenas mais duradoura do país.

Por meio dessas inciativas, mais de 650 professores indígenas já foram formados, fortalecendo a identidade cultural e preparando novas gerações para o futuro.

O secretário de Estado de Educação, Alan Porto, ressaltou o papel histórico do colegiado. “Celebrar os 30 anos do Conselho é reconhecer a luta e a resistência dos povos indígenas. Esse colegiado é um marco para Mato Grosso e para o Brasil, pois, possibilitou a construção de uma educação que valoriza a sabedoria ancestral e prepara as novas gerações para o futuro com autonomia e pertencimento”, afirmou.

O presidente do Conselho, Filadelfo de Oliveira Neto, do povo Umutina-Balatiponé, destacou que o momento é de conquistas, mas também de reivindicações. 

“Nestes 30 anos, tivemos avanços significativos, mas ainda temos grandes desafios, como a realização do segundo concurso público para professores indígenas e a ampliação de projetos de ensino superior. Só a educação transforma, e precisamos continuar lutando por uma educação específica e diferenciada que valorize nossas culturas e garanta oportunidades para nossos jovens”, disse Filadelfo.

O cacique Rony, liderança do povo Pareci e da aldeia Wazare, disse que educação é o caminho para manter nosso território, nossa cultura e nossa identidade. “Essa é uma conquista coletiva, fruto da força das lideranças e do movimento indígena, e precisa seguir se fortalecendo com sustentabilidade e valorização da juventude indígena”, enfatizou.

A professora e reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Vera Lúcia Maquea, emocionou o público ao destacar o pioneirismo da instituição. 

“Dez anos após a criação do Conselho, implantamos o primeiro curso específico de formação de professores indígenas do país. Mato Grosso foi pioneiro, sempre junto com os povos indígenas e o Governo do Estado. Hoje, conquistas como o bacharelado em Enfermagem para indígenas, seguramente o primeiro da América Latina, mostram que a diversidade é nossa maior riqueza”, ressaltou.

Já o procurador da República, Ricardo Pael Ardenghi, cumprimentou os presentes em diversas línguas indígenas e reforçou o valor do colegiado. “A educação escolar indígena não é apenas uma formação profissional, mas um processo de resgate e de reavivamento do modo de vida, tão importante quanto o território para os povos originários. Esse evento reforça a importância de que todos os órgãos governamentais valorizem essa modalidade”, concluiu.