A noite da última quinta-feira (10) foi muito mais do que uma formatura. No Theresina Hall, em Teresina, 520 estudantes do Programa Alfabetiza Piauí celebraram a conquista de um direito básico que, por anos, parecia inalcançável: aprender a ler e escrever.

Jovens, adultos e idosos — vindos de 22 municípios diferentes — subiram ao palco com orgulho no olhar e histórias que emocionaram até quem apenas acompanhava da plateia. “Aprendemos a ler e, agora, um livro inteiro cabe dentro de nós”, disse Maria de Fátima Araújo, de 71 anos, arrancando aplausos e lágrimas ao dar voz a tantos outros que, como ela, abraçaram a chance de recomeçar.

Nunca é tarde para aprender

Entre os formandos, estava Maria de Lourdes da Costa, de 86 anos, vestida com a beca de formanda e um sorriso largo no rosto. “Uma criancinha com 15 anos se formando”, brincou, arrancando risos e carinho do público.

Ela chegou ao programa por meio da busca ativa da Seduc e, nas salas do CETI Raimundo Pessoa, em Monsenhor Gil, reencontrou o prazer de aprender — acompanhada do filho, Pedro, de 63 anos, que também aceitou o convite para voltar à escola. “Quem diria que eu estaria aqui, me formando com minha mãe? A gente pensava que era tarde demais, mas estava errado. Agora, vamos continuar estudando juntos”, contou Pedro, emocionado.

Piauí à frente no combate ao analfabetismo

O Alfabetiza Piauí é um programa do Governo do Estado que está mudando vidas com aulas presenciais, acompanhamento pedagógico, transporte, alimentação e incentivo financeiro. Cada aluno recebe uma bolsa de R$ 800 — paga em três parcelas — vinculada à matrícula, frequência e participação nas avaliações.

Mais do que uma política pública, o programa representa um gesto de reparação. “Estamos quitando uma dívida histórica com gerações inteiras que não tiveram acesso à escola”, afirmou o Governador Rafael Fonteles, durante a solenidade. “Criamos o Alfabetiza Piauí para garantir que ninguém fique para trás.”

E os resultados já começam a aparecer. O Piauí foi o estado que mais reduziu as taxas de analfabetismo no Brasil nos últimos dois anos, em todas as faixas etárias. A meta, segundo o Secretário de Estado da Educação, Washington Bandeira, é ainda mais ambiciosa: alcançar o menor índice do país.

“Entre todos os nossos programas, o Alfabetiza Piauí tem um significado especial. Ele resgata dignidade, devolve a autonomia, transforma realidades. Vamos seguir firmes até alfabetizar 100 mil piauienses e mostrar ao Brasil do que a educação é capaz”, reforçou Bandeira.